DEFENSORES

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DEFENSORES DA FLORESTA

A 3ª Conferência Internacional de Defensores da Floresta (Forest Defenders Conference) foi realizada em 2019, pela primeira vez no Brasil, em Marabá, Pará. Protegido por um portão de quatro metros de altura e seguindo rigorosos critérios de segurança, um grupo de cerca de 150 defensores da floresta, ativistas e voluntários de um total de 15 países de quatro continentes se reuniu por quatro dias para discutir uma preocupação comum: a segurança, ou melhor, a insegurança de quem optou por lutar pela preservação do meio ambiente.

Ameaçados de morte em seus países de origem, os defensores se reuniram para elaborar estratégias de segurança para manter ambientalistas e ativistas em segurança. O objetivo era fortalecer a cadeia global de proteção ambiental e ação governamental diante da crise climática.

A escolha do Pará para sediar a reunião não foi aleatória – muito pelo contrário. O estado é o recordista nos assassinatos de ativistas no Brasil, um dos países mais perigosos para os defensores do meio ambiente. A Conferência no Brasil também contou com a participação de cerca de 30 organizações e movimentos sociais, sete etnias indígenas e três quilombolas. O tema da 3ª edição da conferência foi segurança e os defensores debateram três questões principais: segurança individual e coletiva, segurança digital e segurança jurídica, incluindo o direito nacional e internacional.

Esta conferência foi organizada pelo Instituto Zé Claudio e Maria, Comissão Pastoral da Terra, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex/UNIFESSPA), Sindicato dos Docentes da Unifesspa (SindUnifesspa), Núcleo de Educação Ambiental (NeAm/UNIFESSPA), Instituto de Estudos em Direito e Sociedade (Ieds/UNIFESSPA), Instituto de Letras, Linguística e Artes (ILLA/UNIFESSPA), Associação Bem Te Vi Diversidade, Fundação Cabanagem, Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Not1More, Juntas, Consulta Popular, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Universidade de Sussex, Universidade Federal da Bahia, Instituto de Humanidades Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC/UFBA), Universidade de Oxford, e Earth Rights International.

Claudelice Santos, irmã de José Claudio e cunhada de Maria do Espírito Santo, ambientalistas assassinados em maio de 2011 por fazendeiros, é uma das ativistas que transformaram o luto em uma luta. Ela acredita que esse tipo de iniciativa ajuda a fortalecer o ambientalista em seu território.

– Uma ativista brasileira pode achar que está sozinha e que a situação vivida por ela é uma exceção. A conferência é importante porque percebemos que apesar da distância, nossas dores são parecidas. Se a violência não tem fronteiras, a resistência também não. Estamos unidos e fortes seja no Brasil, no Camboja, em Guiné Bissau ou na Turquia – afirmou Claudelice.

Dados da última edição do relatório “Conflitos no Campo Brasil – 2018”, lançado no começo de abril pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), mostram que mais da metade dos conflitos – 51,3% – aconteceu na região Norte do país. Um aumento de 119,7% em relação a 2017. Em março deste ano, aconteceram dois massacres, com intervalo de dois dias, na zona rural de Baião, sudeste do Pará. Seis pessoas morreram, entre elas Dilma Ferreira Silva, liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Pará.

Ainda de acordo com dados da CPT, o Brasil tem sido o país mais perigoso para ativistas do meio-ambiente e dos direitos humanos, considerando-se os números reais de assassinatos – 383 pessoas nos últimos dez anos.

A cientista colombiana Angela Maldonado é diretora científica da Fundação Entropika, uma Organização Não Governamental criada em 2007 cujo objetivo é contribuir para a conservação da biodiversidade tropical. ngela tem recebido ameaças de morte por denunciar o comércio ilegal de animais silvestre e madeiras. A última delas aconteceu em abril desse ano, mas não foi capaz de fazer com que ela desistisse:

– Preservar o meio ambiente é minha missão. Viver sem fazer o que se ama, é morrer um pouco e eu estou viva- afirmou a cientista.

Saindo da bolha
A troca de experiências entre os defensores é rica e importante, mas no dia a dia, é preciso conviver em todos os ambientes, por isso, o último dia da Conferência foi realizado na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Entre as atividades, um exercício de júri simulado, no qual os defensores participaram de um julgamento hipotético sobre meio-ambiente envolvendo violência contra defensores da floresta versus Estado.

Apoio global
Muitos dos participantes do evento enfrentam ameaças de morte e temem por suas vidas. Para aqueles em maior risco, foi criado um fundo que será dedicado a fornecer suporte de emergência a casos críticos.

A primeira edição, realizada em 2017 em Oxford, Reino Unido, e a segunda em Chiang Mai, Tailândia, as conferências focaram na construção de redes internacionais de solidariedade entre os movimentos ambientais mundiais. Em um dos dias do evento, os defensores gravaram um vídeo em apoio ao movimento global Rebelião da Extinção.

   Para assistir ao vídeo e apoiar o fundo, acesse:

DEFENSORES DA LINHA DE FRENTE

estão arriscando suas vidas para proteger florestas, terra e água, unidos para compartilhar nossas histórias e estratégias, na terceira Conferência Internacional de Defensores Florestais em Outubro, no coração da luta, Pará, Amazônia, Brasil…

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